Diante do cenário mundial de perda de milhões de vidas para a covid-19, o luto volta a ser um assunto de grande relevância. Mas quando o luto passa a ser perigoso? Veja mais sobre o luto prolongado!
O que é o transtorno do luto prolongado?
O transtorno do luto prolongado ou complicado é uma adaptação psicológica inadequada frente a perda de um ente querido. O transtorno é caracterizado por pensamentos negativos, ruminativos e persistentes devido a uma incapacidade de aceitar a passagem da pessoa associado a um sentimento de descrença quanto à morte. Seus efeitos também refletem no humor, gerando tanto manifestações eufóricas como raiva excessiva e ansiedade, quanto manifestações melancólicas como culpa e vergonha.
Intensidade e causas do luto prolongado
O luto prolongado pode ser vivenciado de uma maneira tão intensa que, em certos casos, afeta e incapacita a realização das atividades diárias, podendo durar mais do que o período previsto pela cultura vigente. Possui várias causas que podem ser agrupadas em três grupos principais: natureza da morte, natureza do ambiente e fatores prévios na pessoa enlutada. O primeiro se refere ao fato de que mortes violentas, súbitas, traumáticas, associadas ou não a estressores secundários, tais como ocorrem em desastres naturais e pandemias, tendem a acontecer sem uma preparação prévia das pessoas e minimizam a chance de uma despedida adequada.
Fatores que predispõem ao luto prolongado
Alguns fatores são preditores do luto complicado, tais como o número de eventos adversos acumulados na vida, experiências anteriores de luto, sentimentos de despreparo para a morte e separação e a gravidade da doença no momento da passagem. Assim, o luto complicado afeta o bem-estar físico e mental, prejudicando áreas psicológicas importantes da pessoa acometida. Com isso, pode-se prever que o transtorno de luto prolongado tem o potencial de se tornar um problema de saúde pública que afeta a vida das populações de forma significativa e biopsicossocial.
Impactos psicológicos do luto
O falecimento de um ente querido traz consigo um profundo impacto na saúde mental das pessoas, o que desencadeia e desafia o indivíduo a um momento de adaptações e transformações internas. O luto cria a necessidade da finalização dos laços afetivos, das transformações às novas demandas da vida e do estabelecimento de novos relacionamentos a fim de que o indivíduo tenha um maior crescimento da capacidade de resiliência.
Intervenções psicológicas no luto prolongado
Dentre as abordagens psicológicas que podem ser utilizadas para lidar com o luto prolongado, a psicanálise pode apresentar significativa contribuição para a ressignificação do luto por parte do enlutado, por meio da escuta ativa e da associação livre de ideias.
A terapia cognitiva comportamental (TCC), por outro lado, pode ser mais uma ferramenta valiosa para ajudar o enlutado a trabalhar o sentimento de culpa, auxiliando-o em uma mudança de perspectiva sobre a situação e, consequentemente, a um enfrentamento mais saudável do luto.
Luto prolongado e covid-19
Segundo a OMS, até o dia 07 de junho de 2020, a pandemia de COVID-19 já acometeu cerca de 6,7 milhões de pessoas, ocasionando mais de 397 mil mortes ao redor do mundo.
A urgência desta pandemia estabeleceu o luto como um novo protagonista que, muitas vezes, é esquecido e colocado em segundo plano. o atual estresse emocional vivenciado pelas pessoas em meio a pandemia cria um ambiente propício e potencial para o favorecimento e emergência de distúrbios psicológicos. os sentimentos de luto tendem a ser agravados e exacerbados, prolongando, muitas vezes, o tempo para a sua superação e gerando mecanismos psicológicos mais complexos que são vivenciados pela pessoa enlutada.
A frieza das estatísticas
Outra questão envolvendo luto prolongado e covid-19 é o fato de que as pessoas que morrem pelo vírus muitas vezes são tratadas apenas como estatística pela comunidade e pela mídia, o que pode causar significativo sofrimento e complicações no luto daqueles que perderam uma pessoa amada. Diante disso, iniciativas que visam a criação de memoriais virtuais com o objetivo de dar significado e importância a essas mortes, podem auxiliar no processo de luto.
A intervenção com profissionais da saúde
Com relação aos profissionais da linha de frente, é dever de seus empregadores providenciar suporte psicossocial em diferentes formatos, para que o profissional escolha aquele que achar mais adequado a sua necessidade. Também é dever do empregador prover um ambiente psicologicamente seguro, no qual esses trabalhadores possam se expressar abertamente numa tentativa de aliviar a dor que sentem. O objetivo dessas estratégias é promover resiliência e autocuidado entre os profissionais da saúde. Além disso, a inclusão de profissionais da saúde mental nos hospitais que estão atendendo pacientes com COVID-19, pode ser de grande valia, uma vez que eles podem ajudar os profissionais da linha de frente a lidarem com os dilemas morais que precisam enfrentar e também com os sentimentos de frustração, culpa e ansiedade já esperados dentro do cenário de pandemia.
Não ignore o luto prolongado
Dessa forma, o luto prolongado não deve ser ignorado. Os indivíduos com a condição não são capazes de melhorar por conta própria, além de estarem em risco de comprometer a saúde física e possuir uma taxa de suicídio mais elevada. Por isso se você ou alguém próximo está com dificuldades para enfrentar o luto pela perda de um ente querido, procure auxílio psicológico.
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Referências:
ALMEIDA, I.A.L. Luto patológico, ansiedade perante a morte e variáveis sociodemográficas, sua relação com a sintomatologia depressiva em adultos mais velhos. Universidade de Lisboa. 2015.
DANTAS, C.R. & CASSORLA, R.M.S. O luto nos tempos da covid-19: desafios do cuidado durante a pandemia. Rev. latinoam. psicopatol. fundam. 2020;23(3).
FONTES, W.H.A. et al. Perdas, mortes e luto durante a pandemia de covid-19: uma revisão de literatura. Revista Multidisciplinar e de Psicologia. 2020;14(51).
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