Para muitas pessoas, comprar pode ser sinônimo de alívio e liberação de tensões e estresse do dia a dia. Mas e quando esse comportamento se torna um transtorno? Veja abaixo o que fazer.
Histórico do vício em compras
É sabido que o ato de comprar desenvolveu-se na Grécia antiga, onde o surgimento do dinheiro alterou os valores culturais e morais. O poder passou a ser determinado não pelo nome da família, mas pelo comércio, que aumentou com a adoção de sistemas monetários. O ato de realizar uma compra continuou a distrair e a extasiar as pessoas nos milênios subseqüentes e tem despertado preocupações de que possa levar a um transtorno clínico.
No século 20, psiquiatras descreveram o transtorno do comprar compulsivo, ou oniomania, baseando-se nas descrições de transtornos previamente descritos. O transtorno do comprar compulsivo, como foi posteriormente denominado, recebeu pouca atenção nas décadas seguintes, a não ser de estudiosos do comportamento de consumo e psicanalistas.
O que é o vício em compras?
O vício em compras ou oniomania tem como característica básica a impulsividade e é definido como a incapacidade do indivíduo de controlar seu comportamento de compra em que se nota um comportamento crônico e repetitivo, em que o indivíduo nega tal evento e seu sentimento, apresentando sintomas de abstinência quando não praticado.
O processo de decisão de compra é complexo e geralmente envolve muitas variáveis, fazendo com que a decisão repentina impeça que o consumidor analise todas elas, tornando a compra não planejada como um comportamento indicativo da compra compulsiva. Contudo, o comportamento de compra por impulso vai além de uma compra inesperada, esta é um traço de personalidade e sua repetição é o que determina esse tipo de compra.
Vício em compras e emoções
Compradores compulsivos relatam mais emoção, entusiasmo, alegria e prazer se comparados com compradores planejados. O estado de humor dos clientes pode resultar em comportamento de compra compulsiva e pode encorajar emoções como exaltação e que os consumidores compram para satisfazer necessidades diferentes.
Além disso, diversos estudos apontam um relacionamento positivo entre compra compulsiva e materialismo, uma vez que a busca por sociabilidade, sentir sucesso e felicidade pode se dar por meio da aquisição de produtos. Assim, o comportamento de compra por impulso está relacionado ao aspecto hedônico e os indivíduos que o praticam buscam prazer e diversão ao consumirem.
O transtorno do comprar compulsivo e faixas etárias
O transtorno do comprar compulsivo tem início no final da adolescência ou nos primeiros anos da segunda década de vida, o que pode se relacionar com a emancipação da família, bem como a idade em que as pessoas conseguem crédito pela primeira vez. As compras descontroladas estão associadas a um padrão mais generalizado de desinibição comportamental que inclui fumar cigarros, uso de álcool, uso de drogas e sexo precoce. Hoje em dia, até mesmo adolescentes possuem cartões de crédito, e é provável que alguns compradores compulsivos iniciem a vida adulta com dívidas substanciais que afetam ou afetarão sua qualidade de vida.
Prevalência do transtorno
Autores americanos estimam que o transtorno do comprar compulsivo tenha uma prevalência entre 2 a 8% da população através da Escala de Compras Compulsivas (ECC) e relatam que cerca de 80 a 94% dos compradores compulsivos são mulheres. Segundo os estudos, algumas mulheres se tornam compradoras incontroláveis devido a sua atração por situações arriscadas e excitantes, comparando este impulso com o comportamento observado em jogadores patológicos, que em sua maioria, atinge homens.
Assim, a diferença entre gêneros pode estar relacionada ao fato de que as mulheres parecem reconhecer mais prontamente que gostam de fazer compras, se comparadas com os homens.
O enfrentamento do vício em compras
Muitos compradores compulsivos admitem que seu comportamento é repetitivo, com pensamentos intrusivos sobre comprar, aos quais tentam resistir, geralmente sem muito êxito. Para enfrentar o vício em compras é preciso determinar a urgência ou o desejo de comprar e o controle sobre as compras, assim, os compradores compulsivos são representados pela grande urgência com baixo controle. Os compradores compulsivos também gastam muitas horas da semana ocupados com esses comportamentos, geralmente demonstrando um grande senso para a moda, consistente com seu intenso interesse em novos estilos e produtos do vestuário.
Motivos para comprar
Vestuário, sapatos, jóias, maquiagem e CDs são as categorias favoritas de itens adquiridos por compradores compulsivos. Alguns pacientes relatam comprar um produto com base em sua atratividade ou porque era uma oferta. Vários pesquisadores têm comentado sobre o significado emocional dos tipos de objetos adquiridos.
Psicoterapia para vício em compras
Ainda não existem tratamentos padrões para o transtorno do comprar compulsivo, no entanto, modelos cognitivo-comportamentais em grupo têm sido desenvolvidos para o tratamento multidisciplinar do comprar compulsivo. Além disso, a psicoterapia em alguns casos atua junto com a psicofarmacologia, tais como o uso de antidepressivos, o tratamento de transtornos de humor e ansiedade comórbidos, tendo a remissão parcial ou total de suas compras compulsivas e aumento de sua resiliência frente aos pensamentos intrusivos. Em algumas cidades dos Estados Unidos existem grupos chamados “círculos da simplicidade”, nos quais os voluntários encorajam grupos de pessoas a adotar um estilo de vida simples e a abandonar seu transtorno do comprar compulsivo. O aconselhamento matrimonial (ou de casais) também se mostrou útil, especialmente quando o transtorno acometido a um dos membros do casal estiver afetando o relacionamento.
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Referências:
STEFAMINI, C.J. & OLIVEIRA, B. Fatores relacionados à compra compulsiva. EnANPAD. 2014.
TAVARES, H. et al. Compras compulsivas: uma revisão e um relato de caso. Braz. J. Psychiatry. 2008;30(suppl 1).
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