Uma tentativa de educação da população e ampliação da prevenção do suicídio, o Setembro Amarelo é um movimento que tem ganhado cada vez maior visibilidade. Você conhece esse movimento? Então dá uma olhada!
O que é o movimento setembro amarelo?
O Setembro Amarelo é uma campanha de conscientização sobre a prevenção do suicídio criado no Brasil em 2015 pelo Centro de Valorização da Vida (CVV), o Conselho Federal de Medicina (CFM) e a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), com a proposta de associar à cor amarela ao mês que marca o Dia Mundial de Prevenção do Suicídio, 10 de setembro.
Objetivo do setembro amarelo
A ideia do movimento é pintar, iluminar e estampar o amarelo nas mais diversas possibilidades, para dar visibilidade biopsicossocial à causa. Dessa forma, ao longo dos últimos anos, várias instituições como escolas, universidades, entidades do setor público e privado e a população de forma geral se envolveram nesse movimento que atualmente está em todas as partes do Brasil. Para ter uma ideia, a campanha envolve tornar o símbolo da prevenção do suicídio visível em monumentos importantes, tais como o Cristo Redentor, o Congresso Nacional e o Palácio do Itamaraty, estádios de futebol de times como Santos, Flamengo e Vitória, entre outros.
O suicídio
Segundo alguns autores, a palavra suicídio foi criada em 1737 por Desfontaines com origem no idioma latim: sui (si mesmo) e caderes (ação de matar), apontando uma necessidade de buscar a morte como refúgio para o sofrimento que se torna insuportável, ou seja, não é um ato de coragem e nem de covardia, mas sim de desespero. O suicídio é uma ação voluntária e intencional de cessar com a própria vida, que parte do ponto de vista de que a morte significa o fim de tudo.
Anatomia do suicídio
Segundo o autor sociólogo Émile Durkheim classifica o suicídio conforme o funcionamento social em três tipos:
- Anômico: nesse tipo, a anarquia social está presente, não existem regras ou coesão social, as instituições como governo, família e sociedade estão desreguladas, desajustadas e corrompidas, ou seja, não há motivo para o sujeito agir de forma ética, nem mesmo consigo próprio. Este tipo de suicídio poderia ocorrer em crises financeiras, por exemplo, onde certos indivíduos ficam em situação inferior àquela ocupada anteriormente.
- Egoísta: prevalência do ego individual ao social, onde o sujeito estaria muito empenhado em realizar desejos materiais, a individualização é extrema e as relações entre o sujeito e a sociedade são superficiais, provocando a falta de sentido no viver e melancolia.
- Altruísta: prevalência do social, quando os interesses da maioria fossem dominantes diante do interesse individual, a exemplo dos pilotos japoneses kamikazes.
Concretização do suicídio
A concretização do suicídio pode se dar de diversas formas, tais como meios letais (uso de armas brancas e de fogo), enforcamento (uma prática comum em homens) ou a ingestão de fármacos ou de substâncias letais (mais comum entre as mulheres). Também pode se dar por meio de formas disfarçadas de atentar contra a própria vida, como o uso abusivo de álcool e drogas, a prática de esportes ou atividades de lazer que coloquem a vida em risco, a falta de cuidados com a própria saúde ou ainda uma vida sexual promíscua.
Números do suicídio
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 420 mil pessoas morreram vítimas de guerra, enquanto 850 mil pessoas foram vítimas de autoextermínio, configurando-se como um problema mundial de saúde pública, constituindo uma das dez maiores causas de morte em todos os países, e uma das três maiores causas de morte entre jovens de 15 a 29 anos no mundo. Ainda segundo o informativo da OMS, 800 mil pessoas morrem por suicídio todos os anos, perdendo apenas para os atos de violência. Além disso, há uma estreita relação entre suicídio e distúrbios mentais, como a depressão e o alcoolismo, momentos de crise financeira, relacional e de saúde e experiências associadas a abusos, violências, desastres, experiências de grupos vulneráveis que sofrem discriminação e enfrentamento de conflitos ajudam a aumentar essa triste estatística.
Sem contar com o número de suicídios registrados de maneira diferente nos prontuários dos hospitais, como homicídio ou acidente, em razao da omissão social com relação ao suicídio.
Principais fatores de risco para o suicídio
Os principais fatores de risco que predispõem ao suicídio são: tentativa prévia de suicídio (muitas pessoas que se suicidam fizeram outras tentativas anteriormente), a presença de uma doença mental (especialmente quando não há avaliação médica, diagnóstico e tratamento adequado), além de impulsividade, desesperança e desespero, idade e gênero, presença de doenças clínicas, e histórico familiar e genético. As tentativas de suicídio são maiores em homens, adolescentes, adultos jovens e idosos estão mais predispostos, além da presença de eventos adversos na infância e na adolescência tais como abuso, maus tratos, divórcio dos pais, abuso de substâncias, incerteza quanto à orientação sexual, sentimento de desesperança, falta de apoio social, suicídio de figuras proeminentes (“famosas”) ou casos que ocorreram na escola ou em sua comunidade.
O que podemos fazer para prevenir o suicídio?
Há um consenso de que a primeira medida preventiva do suicídio é a educação, ou seja, é preciso perder o medo para falar a respeito do assunto. Muitas pessoas têm receio de falar sobre suicídio quando suspeitam que alguém próximo está pensando sobre isso, pois têm medo de que falar incentive o ato, um mito ainda acreditado por muitos. Antes de se suicidar, muitas vezes as pessoas falam que vão se matar, tentam antes e dão inúmeras demonstrações.
A ajuda pode vir de diversas fontes e por isso é importante que a maioria das pessoas estejam preparadas para apoiar a pessoa em vulnerabilidade a buscar ajuda, seja de um profissional da saúde mental ou de instituições preparadas para acolher a pessoa em situação vulnerável. O Centro de Valorização da Vida tem um serviço gratuito, voluntário, que funciona 24 horas por dia, no Brasil inteiro, para acolher a pessoa pensando em suicidar-se. Para conversar com um voluntário, basta ligar para o telefone 188. Caso você saiba de alguém que está com dificuldades para buscar ajuda, seja a ponte que a pessoa precisa!
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Referências:
ARAÚJO, L.M.S. et al. Setembro amarelo como estratégia de prevenção de suicídio em adolescentes: um relato de experiência. Rev. Saúde Multidisciplinar. 2020;1.
Centro de Valorização da Vida. Setembro Amarelo: o CVV e o movimento pela prevenção do suicídio. Disponível em: https://www.setembroamarelo.org.br/
PENSO, M.A. & SENA, D.P.A. A desesperança do jovem e o suicídio como solução. Soc. estado. 2020;35(1).
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