Quem são os acumuladores?

11/09/2021 às 22:53 Dicas

Quem são os acumuladores?

Colecionar e guardar objetos pode ser um hobby saudável, mas quando será que este hábito se torna um transtorno? Você conhece o transtorno da acumulação? Então dá uma olhada!

O que é Transtorno da Acumulação?

O transtorno da acumulação deriva do inglês hoarding disorder, e refere-se a uma psicopatologia atualmente incluída no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-V) e da Associação Americana de Psiquiatria (APA).

Seus principais sintomas remetem à necessidade de coletar intencionalmente objetos ou animais, à dificuldade em desfazer-se dessas posses e, por consequência, a problemas de organização associados ao ambiente de convívio. Os indivíduos que acumulam possuem dificuldade patológica em se desfazer das posses, mesmo que estas não apresentem mais utilidade ou causem desorganização.

Colecionar e acumular

O hábito de colecionar e acumular encontra-se presente em todas as populações, variando entre os espectros de normal a patológico. Assim, pessoas com transtorno da acumulação tendem a guardar e armazenar itens aleatórios, acreditando que esses objetos poderão ter utilidade futuramente e apresentar algum valor financeiro ou afetivo, sentindo-se mais seguros ao guardá-los.

O comportamento de acumular pode ser considerado adaptativo em momentos de privação, a fim de assegurar a sobrevivência da espécie humana, no entanto, o acúmulo excessivo impacta a saúde mental e biopsicossocial do indivíduo acumulador.

Consequências do transtorno da acumulação

Devido a gravidade do comportamento, as pessoas que acumulam acabam envolvendo-se em processos judiciais para reverter o quadro instalado pelo excesso de coisas guardadas no local onde convivem, o que constitui uma fonte de sofrimento e, muitas vezes, de incapacidade. Trata-se de ambientes entulhados e com odores insuportáveis que impedem o desempenho de atividades básicas relacionadas à alimentação, ao sono e à higiene. Em casos mais extremos, inclusive, essas pessoas podem ser ameaçadas de despejo ou tornarem-se legal e psicologicamente impedidas de cuidar de sua prole. Na maioria das vezes, o comportamento de acumular prejudica diversos aspectos da vida cotidiana, como o âmbito social e ocupacional, dificultando o convívio com esses indivíduos. Por isso, pessoas com características de TA podem acabar se isolando e, normalmente, relatam não se sentir confortáveis quando outros sujeitos frequentam sua residência.

Condições dos acumuladores

Estudos sugerem que as pessoas que acumulam geralmente vivem sozinhas, podem ficar sem emprego e com sobrepeso, apresentando baixa qualidade de vida. Não existe uma diferença significativa entre gêneros para esse transtorno, mas pesquisas relatam a presença duas vezes maior de transtorno da acumulação em homens, estimando sua existência em uma média de 2 a 6% da população em geral.

Mais de 80% dos sujeitos que acumulam referem presença de transtorno da acumulação no histórico familiar. Algumas pesquisas apontam ainda que esse comportamento disfuncional pode estar presente desde a infância ou a adolescência, indicando que os seus sintomas intensificam-se a partir da meia-idade e tornam-se mais graves com o passar do tempo.

Transtorno da acumulação e comorbidades

Pesquisas concluíram que o comportamento de acumular constitui um diagnóstico cujo curso pode ocorrer em conjunto com outros transtornos mentais, como Transtorno do Pânico, Transtorno de Ansiedade Generalizada, Depressão, Demência, Esquizofrenia, TOC, Transtorno do Humor Bipolar, Fobia Social, entre outros.

Meios para aquisição de objetos

As três principais formas de aquisição de objetos relatadas por indivíduos com transtorno da acumulação são: compra compulsiva, coleta livre e, até mesmo, furto. Destacam-se, ainda, características como o consumismo, o desejo de organização, a falta do controle de impulsos e a ausência de limites e juízo crítico. Pesquisas apontam correlação entre transtorno da acumulação e diagnósticos como a tricotilomania, transtorno dismórfico corporal, cleptomanía, compras compulsivas, transtorno de déficit de atenção com hiperatividade, dependência de álcool e outros.

Em virtude de seu juízo crítico limitado, pessoas que acumulam frequentemente podem justificar seus comportamentos disfuncionais, negando-se a aceitar ajuda ou diminuindo a intensidade de seus sintomas.

Tipos de acumuladores

Os tipos de acumulares podem ser classificados em:

  1. Acumuladores compulsivos: a aquisição de objetos se torna um comportamento repetitivo, sendo uma forma de investimento, uma tentativa de preservar o valor afetivo subjacente às coisas. Tais sujeitos têm enorme medo de perderem ou se desfazerem dos objetos que possam a vir a ser importantes no futuro, ou devido à conexão emocional associada, por isso, desenvolvem crenças acerca da posse e privação de objetos, que levam a comportamentos de indecisão, evitação de contatos sociais e perfeccionismo, possuem dificuldades na organização de seu espaço físico, tornando o ambiente de convívio praticamente inabitável. São sujeitos que perderam o senso de autocontrole, tornando impossível a classificação e organização de seus itens.
  2. Acumuladores de animais: são indivíduos que adquirem uma grande quantidade de animais (dezenas ou centenas), os quais podem ser mantidos em espaços inadequados ou em condições insalubres e inseguras. Muitas vezes não conseguem satisfazer os cuidados básicos de que um animal precisa, mas continuam a mantê-los consigo, movidos pelo sentimento de dó e compaixão para com os animais em situação de abandono ou maus-tratos, apresentando dificuldades para livrar-se dos animais inclusive após a morte dos bichos. A prevalência é de mulheres solteiras, na meia-idade, vivendo sozinhas e com possíveis traços de transtorno do pânico, que não percebem os efeitos negativos que tal comportamento produz em sua vida e permanecem alimentando sua necessidade de cuidar e controlar.

Intervenções possíveis

Dentre as intervenções terapêuticas para o transtorno da acumulação destacam-se a psicofarmacologia e a terapia cognitivo-comportamental que aborda os aspectos comportamentais, cognitivos e emocionais do indivíduo para o abatimento dos sintomas. Segundo a TCC, são as crenças do indivíduo que mantêm o comportamento patológico, por isso, a psicoterapia consiste em reduzir o recolhimento descontrolado dos itens, bem como promover a organização e a desobstrução do ambiente de convívio. Terapias como a psicanálise e a hipnose também podem contribuir na intervenção em traumas associados ao comportamento acumulador.

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Referências:

SCHIMDT, D.R. et al. Transtorno da acumulação: características clínicas e epidemiológicas. Revita CES Psicología. 2014;7(2).

SCHIMDT, D.R. & MÉA, C.P.D. Avaliação de sintomas psicológicos no transtorno da acumulação: um estudo de caso. Aval. psicol. 2017;16(3).


Conheça mais:

Rodrigo Huback

Rodrigo Huback Head Trainer de Practitioner PNL, Master PNL, Método B2S e Hipnose Clínica

Mais de 10 anos dedicados ao desenvolvimento humano; Mais de 15 anos empreendendo em alta performance; Pedagogo; Master Trainer em PNL; Master Trainer em Coach; Membro Trainer de Excelência na NLPEA; Membro Trainer da ANLP; Trainer Comportamental; Hipnoterapeuta.


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