Mais de 400 mil pessoas morreram na pandemia do Coronavírus apenas no Brasil. Muitos de nós tem entrado cada vez mais em contato com a morte, seja em pessoas próximas ou distantes. Mas como será que temos lidado com a morte?
O que é tanatologia?
A tanatologia é o estudo científico da morte. É uma área que investiga os mecanismos e aspectos forenses da morte, tais como as mudanças corporais que acompanham o período após a morte, bem como aspectos sociais e legais mais amplos. É um campo interdisciplinar. A palavra vem de thanatos, o deus grego que personificava a morte.
A morte é um assunto evitado pela maioria das pessoas. Isso revela a dificuldade que o ser humano tem de lidar com o desconhecido, o pavor e a recusa diante do fato de perder pessoas queridas. Elizabeth Kübler-Ross, uma estudiosa da morte, acredita que o maior obstáculo para compreender a morte é o fato de que é impossível para as pessoas imaginarem um fim para a sua própria vida.
O contato com a morte se modificou ao longo do tempo. Antes, a morte era mais próxima da esfera familiar, onde a pessoa passava seus últimos minutos em casa, perto de pessoas que amavam, tendo direito de realizar os últimos desejos e se redimir de seus erros e desavenças. Já na atualidade, boa parte da população nasce e morre em hospitais, o que torna muitas vezes a morte algo invisível.
Cuidados paliativos
Os cuidados paliativos, também conhecido como paliativismo, é um conjunto de práticas de assistência ao paciente incurável que visa oferecer dignidade e diminuição de sofrimento mais comum em pacientes terminais ou em estágio avançado de determinada enfermidade. A Organização Mundial de Saúde (OMS) define os cuidados paliativos como o alívio do sofrimento físico, psicossocial e espiritual do paciente e de sua família.
Essa abordagem visa melhorar a qualidade de vida dos doentes que enfrentam problemas decorrentes de uma doença incurável com prognóstico limitado ou doença grave, e suas famílias, através da prevenção e alívio do sofrimento, avaliação adequada e tratamento rigoroso dos problemas físicos, como a dor, e também psicossociais e espirituais. Busca-se a melhoria das condições de vida de pacientes em processo de morte.
É um cuidado provido por uma equipe multidisciplinar composta por médico, equipe de enfermagem, psicólogo, farmacêutico, terapeutas complementares e pessoas que tenham algum papel religioso, terapeutas ocupacionais e fonoaudiólogos. A finalidade da equipe é de aliviar a dor e maximizar as habilidades funcionais remanescentes, fazendo com que o paciente tenha maior autonomia e dignidade possíveis, para que possa se preparar para a morte.
Os cuidados paliativos são baseados nos conceitos de ortotanásia, ou seja, a morte natural, sem interferência da ciência, permitindo ao paciente uma morte digna, sem sofrimento, deixando a evolução e percurso da doença. Se concentram na amenização dos sintomas da doença e no apoio físico e psicológico ao paciente e à família, integrando diferentes profissionais da área médica, havendo ou não a possibilidade de cura. É uma prática ainda em avanço e menos conhecida em países subdesenvolvidos como o Brasil.
Ainda pode-se dizer que os cuidados paliativos partem da compaixão que decorre da consciência da finitude, inerente à condição humana.
Dimensão espiritual
Ter a dimensão espiritual da vida equilibrada proporciona uma condição de vida superior e aceitação da morte com maior serenidade, atenuando elementos estressores desta fase.
São práticas que podem ser oferecidas pelo cuidador de doentes terminais, no que tange ao cuidado espiritual:
- Oferecer apoio, aconselhamento, escuta e suporte emocional.
- Discutir assuntos espirituais se o paciente quiser.
- Para alguns pacientes, é melhor falar sobre o significado de sua vida, em vez de diretamente sobre a espiritualidade ou religião.
- Ouvir com empatia.
- Entrar em contato com conselheiro espiritual ou pastoral de acordo com a religião e a vontade do paciente.
- Não impor seus pontos de vista; mas, se compartilharem crenças religiosas, orar juntos pode ser apropriado.
- Proteger o paciente de evangelistas muito entusiásticos.
Preparo para morrer
A nossa sociedade evita ao máximo falar de morte, sob o estigma social de que “falar sobre a morte a atrai”. No entanto, essa cultura de aversão à morte não nos permite nos preparar para esse acontecimento inevitável da vida. Muitas pessoas têm medo de falar e vivenciar o processo da morte e do morrer, pelo fato de não saberem como é essa experiência. Para muitas pessoas, falar sobre a própria mortalidade gera uma crise existencial.
Refletir sobre a própria mortalidade traz maior conscientização acerca da vida e torna o preparo para a morte, seja iminente ou não, algo mais tranquilo. O indivíduo pode fazer um planejamento para ter o seu processo de envelhecimento amparado.
Segundo Elizabeth Kübler-Ross, existem cinco estágios pelos quais passa um indivíduo em seu processo de finitude chamado de “processo de morte e morrer”. São eles:
- Negação e isolamento: nesse primeiro estágio, relaciona-se com a incapacidade do ser humano de aceitar o fim da própria existência. É uma defesa temporária que age como pára-choque após notícias inesperadas, que permite a pessoa se recuperar com o tempo.
- Raiva: nesse estágio o ser humano não concorda que esteja passando por essa situação e se pergunta: “por que eu?”. Em geral as raivas se voltam a pessoas próximas, e também podem surgir revolta e ressentimento de não ter vivido sua vida de outra forma, dos assuntos inacabados e dos dizeres não falados.
- Barganha: aqui o indivíduo tenta adiar a morte fazendo tratos com Deus, com a família e com médicos, a partir de promessas em ser uma pessoa boa se os dias de sua vida forem prolongados.
- Depressão: o indivíduo passa por uma depressão preparatória, proveniente de uma situação real, na qual está prestes a perder tudo e todos que ama. O silêncio pode falar mais do que as palavras, portanto é essencial que o paciente se sinta amparado, tendo conhecimento de que não ficará sozinho em seus últimos momentos.
- Aceitação: após passar pelos estágios anteriores, o paciente entra em um estágio de tranquilidade no sentido de aceitação da sua doença, limitações e possibilidades, quando existem. Aqui, a aceitação apresenta a necessidade do paciente de se perdoar, de perdoar o outro e ser perdoado. O fim da vida se aproxima.
O “preparo” para uma boa velhice e, por consequência, uma boa morte vai desde o início da vida, está no modo como lidamos com os problemas e os hábitos de nosso estilo de vida. Por isso lembre-se: o preparo para uma morte saudável e tranquila começa hoje!
E você, ficou curioso para saber mais sobre o processo de vida e morte? Venha para o Aliviamente! Aqui você encontra profissionais preparados para ajudá-lo a conquistar mais saúde mental! Consulte um terapeuta e veja hoje mesmo os resultados.
Referências:
FÄRBER, S.S. Tanatologia clínica e cuidados paliativos: facilitadores do luto oncológico pediátrico. Cad. Saúde Colet. 2013;21(3).
REZENDE, L.C.S. et al. A finitude da vida e o papel do psicólogo: perspectivas em cuidados paliativos. 2014;6(1).
Conheça mais:
Gostou de nosso post? Compartilhe: