Um dos transtornos de sono que podem causar sérios danos, a narcolepsia pode trazer sérios prejuízos para o dia a dia. Quer entender mais sobre esse assunto? Então vem conosco!
O que é narcolepsia?
A palavra narcolepsia vem de narco, estupor, e lepsia, ataques, significando ataque de sono. Atualmente, a narcolepsia é definida pela sonolência excessiva diurna e cataplexia, podendo associar-se à paralisia do sono, alucinações hipnagógicas e fragmentação do sono. É um transtorno neurodegenerativo crônico, caracterizado por sonolência excessiva e manifestações dissociativas do sono REM.
A narcolepsia tem um significativo impacto biopsicossocial e funcional do indivíduo, o que faz com que tenha importância clínica. Fatores genéticos podem estar associados na narcolepsia, e o risco de um parente de primeiro grau de um paciente ser diagnosticado com ela é de 10 a 40 vezes maior que a população geral.
Desenvolvimento da narcolepsia
O transtorno foi primeiramente descrito por Gelineau em 1881, como uma doença com ataques de sono irresistíveis, e em 1916 foi relatada por Hennemberg como a associação de fraqueza muscular a ataques de sono denominados, então, de ataques de cataplexia.
Na década de 1960, a partir do melhor conhecimento sobre as fases do sono, a narcolepsia foi relacionada aos fenômenos do sono REM (movimento rápido de olhos).
Epidemiologia da narcolepsia
A narcolepsia atinge cerca de 0,5% da população mundial. A sonolência diurna ocorre em todos os pacientes, com diferentes graus de severidade, a cataplexia ocorre em aproximadamente 70% dos narcolépticos e a paralisia do sono e as alucinações hipnagógicas são observadas ao redor de 25%.
Sintomas da narcolepsia
A narcolepsia possui dois sintomas essenciais, a sonolência excessiva e a cataplexia. Algumas outras manifestações clínicas podem surgir, como:
- sonolência diurna;
- cataplexia;
- paralisia do sono;
- alucinações hipnagógicas;
- sono noturno fragmentado.
- episódios de comportamentos automáticos;
- pesadelos;
- déficits cognitivos;
- obesidade;
- parassonias;
- diabetes tipo II.
Sonolência excessiva
A sonolência excessiva é o primeiro sintoma em 90-94% dos casos, sendo a principal queixa dos pacientes. É uma condição crônica e diária, ocorrendo independente da quantidade de sono no período principal de sono. Dentre suas características, podemos encontrar:
- sensação de sonolência, de intensidade constante ou variável, e duração de uma até várias horas;
- ataques irresistíveis de sono, apesar da tentativa de permanecer acordado;
- cochilos que aliviam a sonolência por até algumas horas nos adultos;
- múltiplos cochilos ao longo do período principal de vigília;
- o alívio da sonolência proporcionado pelos cochilos reflete o grau de intensidade da sonolência e tem valor para o diagnóstico diferencial;
- a sonolência pode expressar-se como flutuação no nível de atenção e concentração.
O que é cataplexia?
A cataplexia consiste no enfraquecimento súbito e incontrolável de parte ou de todo o corpo após situações de emoção. Normalmente não ocorre perda da consciência, embora em raros relatos se observe associação com sono profundo. A narcolepsia se divide em duas apresentações clínicas: com cataplexia (70%) e sem cataplexia (30%). A ausência de cataplexia dificulta o diagnóstico clínico com necessidade de valorização dos outros sintomas associados. Veja algumas características clínicas do ataque de cataplexia:
- episódios súbitos e recorrentes de atonia muscular esquelética axial e/ou apendicular bilateralmente;
- episódios desencadeados por situações com forte conteúdo emocional positivo (riso), susto ou raiva;
- duração, em média, de alguns segundos até 10 minutos;
- consciência preservada pelo menos ao início do ataque;
capacidade auditiva e de compreensão preservadas durante o ataque;
- término súbito com retorno do tônus muscular e sem confusão mental ou amnésia; padrão respiratório normal durante o ataque.
Paralisia do sono
A paralisia do sono consiste na situação em que o paciente acorda e não consegue movimentar-se, ou seja, caracteriza-se pela incapacidade total para se mover, ocorrendo ao adormecer ou, mais comumente, ao despertar. O paciente fica temporariamente incapaz de realizar atos voluntários, embora se mantenha consciente. Pode ser acompanhada por sensação de incapacidade para respirar e por alucinações variadas, durante cerca de 1 a 10 minutos, com média de 2 minutos, terminando subitamente após esforço mental ou por alguma estimulação sensorial externa.
Alucinações hipnagógicas
As alucinações hipnagógicas caracterizam-se por possíveis sonhos vívidos na transição do sono com a vigília em pacientes com narcolepsia. Possuem importância clínica importante, já que os pacientes interagem com tais sonhos que os levam a situações inadequadas em público ou em casa. É um sintoma relevante e que estará presente em diagnósticos diferenciais mais adiante.
Fragmentação do sono
A fragmentação do sono caracteriza-se clinicamente por despertares noturnos frequentes relatados pelos pacientes com sensação de baixa quantidade e qualidade do sono.
Tratamento da narcolepsia
A maior dificuldade do tratamento dos pacientes com narcolepsia é estabelecer a integração social e familiar deles. A média de evolução dos sintomas até o diagnóstico é de cerca de 10 anos. O paciente na maior parte das vezes é visto pelos familiares e amigos como preguiçoso, com consequente dificuldade na sua carreira profissional e em atividades sociais. O apoio psicológico por instituições especializadas é importante e modifica o prognóstico social e pessoal desses pacientes
Como lidar com a narcolepsia?
Horários regulares para as atividades do dia-a-dia e o sono são fundamentais. Os pacientes devem evitar situações de privação de sono noturna e, sempre que possível, devem realizar cochilos programados por 15 a 20 minutos, duas a três vezes durante o dia, para facilitar o controle da sonolência diurna. O paciente deve ser orientado a não ingerir bebidas alcoólicas, não usar sedativos e tomar cuidado com drogas que possam promover o sono, como anti-histamínicos e neurolépticos, por exemplo. Os familiares, os companheiros de trabalho e de estudo devem ser informados sobre a doença para participarem ativamente da integração desses pacientes na comunidade.
Dia Mundial de Conscientização da Narcolepsia
O Dia Mundial de Conscientização da Narcolepsia é comemorado no dia 22 de setembro. Assim, pacientes e famílias lutam para o reconhecimento das demandas de pessoas com narcolepsia, por um mundo mais inclusivo e com maior qualidade de vida para todos.
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Referências:
ALÓE, F. et al. Diretrizes brasileiras para o diagnóstico da narcolepsia. Revista Brasileira de Psiquiatria. 2010;32(3).
COELHO, F.M.S. et al. Narcolepsia. Arch. Clin. Psychiatry; 2007;34(3).
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