Milhares de profissionais vivenciam o cansaço extremo e nem sempre entendem porquê. Você conhece a síndrome de burnout? Então vem dar uma olhada!
O que é a síndrome de burnout?
A síndrome de Burnout foi descrita pela primeira vez pelo psiquiatra Herbert Freudenberger em 1974 e atualmente está inserida na Classificação Internacional de Doenças CID-11 sob o código QD85. A autora Christina Maslach propôs um modelo para caracterizar a síndrome do burnout, sendo definida como uma resposta prolongada a estressores interpessoais crônicos no trabalho que se apresenta em três dimensões interdependentes: exaustão emocional, despersonalização e redução da realização pessoal. Veja cada um deles abaixo:
- Exaustão emocional: são sentimentos de estar sobrecarregado e exaurido de seus recursos físicos e emocionais, levando ao esgotamento de energia para investir nas situações que se apresentam no trabalho. É a manifestação mais óbvia da síndrome, estando associada a sentimentos de frustração diante da percepção dos profissionais de que não possuem condições de ter energias disponíveis para atender os pacientes.
- Despersonalização: na medida em que a exaustão emocional se agrava, a despersonalização ou cinismo pode ocorrer, caracterizados por uma postura distante ou indiferente do indivíduo em relação ao trabalho, aos colegas e aos pacientes. É considerada uma resposta à exaustão emocional, sendo uma estratégia de enfrentamento do indivíduo diante do estresse crônico.
- Redução da realização pessoal: se refere à tendência de o sujeito avaliar-se negativamente em relação às suas competências e produtividade no trabalho, que pode acarretar na diminuição da autoestima. O indivíduo vivencia um declínio do sentimento de competência e êxito, assim como da sua capacidade de interagir com os outros.
Surgimento dos sintomas
Estudos apontam que o surgimento destes sintomas acontece gradualmente e que a síndrome do burnout resulta da discrepância entre as expectativas e idealizações do indivíduo e a realidade da prática profissional.
Suas causas são multifatoriais e pressupõem uma combinação de aspectos individuais associados às condições e relações no trabalho. Podem ser identificados sintomas como falta de atenção, alterações de memória, lentificação do pensamento, sentimentos de alienação, solidão e impaciência, além de sintomas físicos como insônia, fadiga constante, tensão muscular, dores de cabeça e problemas gastrointestinais.
Síndrome de burnout em profissionais da saúde
A síndrome de burnout tem consequências graves nos profissionais da saúde na medida em que está associada a distúrbios individuais, tais como transtorno do estresse pós-traumático (TEPT), abuso de álcool, queixas psicossomáticas, uso de drogas, depressão e ideação suicida, mudanças comportamentais referentes à insatisfação no trabalho, falta de comprometimento organizacional e intenção de abandonar o trabalho, além de piores resultados nas medidas de segurança ao paciente e erros na prática profissional.
Assim, a síndrome de burnout diminui a qualidade de vida dos profissionais da saúde e a eficácia de seu trabalho, impactando negativamente o atendimento ao paciente. Os erros profissionais causam prejuízos para o próprio profissional, na medida em que se relaciona à perda de confiança, dificuldades para dormir, redução da satisfação no trabalho, aumento nos níveis de estresse ocupacional, baixa resiliência e dano à imagem profissional, aumentando a rotatividade de profissionais nos hospitais.
Um estudo realizado no Canadá verificou que o custo total da síndrome de burnout ultrapassa 200 milhões devido aos gastos com aposentadorias precoces e diminuição das horas trabalhadas da categoria médica. Outro estudo aponta que 28% dos médicos avaliados com síndrome de burnout demonstraram intenção de abandonar o trabalho, acarretando uma série de custos à saúde pública.
Fatores de risco para a síndrome do burnout
Há um consenso na literatura científica de que o surgimento do burnout resulta de um longo período de exposição ao estresse ocupacional, no entanto, suas causas envolvem diversos fatores contribuintes, tais como fatores ambientais, sociais e individuais.
Fatores ambientais
No contexto da saúde, as especificidades dos hospitais favorecem o desencadeamento de altos níveis de estresse ocupacional, assim, fatores ambientais como estrutura física do hospital, a presença de recursos humanos e materiais, além do número de profissionais, equipamentos hospitalares e de informática, além do modo como são desenvolvidos os fluxogramas de processos de trabalho (carga horária, funções a serem desempenhadas, estrutura organizacional, metodologias utilizadas) também podem influenciar o quadro de burnout. A alta exposição do profissional a riscos químicos e físicos, os problemas administrativos, a sobrecarga quantitativa de trabalho devido à longas jornadas de trabalho, alto número de pacientes e número insuficiente de profissionais ou recursos afetam o profissional de saúde.
Fatores psicossociais
Além dos fatores ambientais que podem predispor a síndrome de burnout, o impacto sobre a saúde mental e física do profissional pode ser maior dependendo do contexto em que trabalha. A autoestima pode ficar abalada com a síndrome de burnout, colocando em prova o conhecimento que cada indivíduo tem de si mesmo em todas as suas dimensões e aspetos que o definem como pessoa.
A autoestima é considerada um importante indicador de saúde mental e estudos a apontam como uma variável protetora para diversos sintomas, tais como ideação suicida, depressão e síndrome de burnout.
Tratamento da síndrome de burnout
Segundo as recomendações do Ministério da Saúde, o tratamento da síndrome de burnout se dá por meio do acompanhamento psicoterápico, farmacológico e intervenções psicossociais, também recomendadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Intervenções individuais e organizacionais combinadas podem ser realizadas visando a diminuição do estresse ocupacional. Estratégias de enfrentamento adaptativas diante dos agentes estressores podem ser implementadas, tais como o treino de habilidades comportamentais e cognitivas de enfrentamento, meditação e atividade física, além de práticas de autocuidado, como garantir descanso adequado, equilíbrio entre trabalho e outras dimensões de vida e o envolvimento com algum tipo de hobby são fundamentais.
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Referências:
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VIEIRA, I. & RUSSO, J.A. Burnout e estresse: entre medicalização e psicologização. Physis. 2019;29(2).
VILA, A.C.P.S. et al. A síndrome de burnout em profissionais da Rede de Atenção Primária à Saúde de Aracaju, Brasil. Ciênc. saúde. colet. 2015;20(10).
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