Um livro pode mudar a vida inteira de uma pessoa, pois contém uma história com uma mensagem que se relaciona com o leitor. O acesso à informação e ao conhecimento tem sido cada vez mais ampliado, sendo que cada um pode ter sua biblioteca inteira em um smartphone. Como será que a leitura impacta o cérebro? Dá uma olhada!
Hábito da leitura
A leitura é uma das habilidades mais importantes de adquirir durante os anos escolares. Para a maioria das crianças, aprender a ler é algo fácil, sem esforço, mas cerca de 10% dos leitores acham difícil ou têm dificuldades inesperadas em adquirir os níveis de habilidade de leitura.
Leitura e cérebro
Aprender a ler é algo crítico para o desenvolvimento de trajetórias no cérebro. A palavra começa a ser processada por nossos olhos. O centro da retina possui resolução suficiente para reconhecer uma pequena palavra impressa. Nosso foco muda constantemente ao longo da página, e assim que parar, os olhos identificam uma ou duas palavras.
Existem duas vias através das quais a leitura é processada no cérebro: a rota fonológica, que converte as letras em sons pronunciáveis, a rota léxica, que dá acesso ao dicionário mental de significados das palavras.
Dessa forma, a leitura inicia com nosso foco na palavra e o acesso ao seu significado e pronúncia. É algo como decifrar um algoritmo que o cérebro faz sem esforço, mas que está longe de ser simples. Dessa forma, a leitura é um alternado das duas rotas em conjunto, que coexistem para suplementar um ao outro.
Quando as palavras são muito raras ou novas, usamos preferencialmente a rota fonológica para processá-las a letra ou palavra e convertê-las na pronúncia e finalmente à tentativa de acessar seu significado através de padrões sonoros. Já quando as palavras são frequentes, nossa leitura toma a rota direta para reconhecer a identidade e significado da palavra através da rota lexical.
A melhor evidência da existência dessas duas rotas são estudos com pacientes com lesões cerebrais e suas consequências psicológicas como, por exemplo, após um acidente vascular cerebral ou infarto, nos quais há a possibilidade de perda da pronúncia de algumas palavras escritas.
Dislexia
A dislexia do desenvolvimento é um transtorno específico de aprendizagem, de origem neurobiológica, caracterizada pela dificuldade no reconhecimento preciso e/ou fluente da palavra, na habilidade de decodificação e em soletração. São dificuldades que geralmente resultam de um déficit no componente fonológico da linguagem e são inesperadas em relação à idade e outras habilidades cognitivas (Associação Brasileira de Dislexia).
Estudos revelam que a dislexia apresenta sinais nas diferentes fases da infância:
- fase pré-escolar: dispersão, atraso no desenvolvimento da fala e da linguagem, dificuldade para aprender rimas e canções, fraco desenvolvimento da coordenação motora, entre outros.
- fase escolar: dificuldade na aquisição e automação da leitura e da escrita, desatenção e dispersão, desorganização geral, confusão para nomear direita e esquerda, dificuldade para copiar de livros e da lousa, pobre conhecimento de rima e aliteração, vocabulário pobre, com sentenças curtas e imaturas ou longas e vagas, dificuldade em manusear mapas, dicionários, listas telefônicas, entre outros.
Algumas pesquisas consideram os déficits no processamento visual e auditivo como causa explicativa para a dislexia, no entanto, o modelo dominante é o déficit fonológico. A dislexia representa uma dificuldade desproporcional por parte do aprendiz na sistematização das relações entre os fonemas e grafemas da língua.
A dislexia tipicamente não é diagnosticada até que a criança apresente dificuldades para ler de acordo com o esperado para sua idade, geralmente por volta da segunda série ou após.
As intervenções perpassam o uso de técnicas como ditados de palavras e pseudopalavras, ditado de frases soltas, leitura em voz alta, correção de sentenças que não seguem o padrão sintático ou semântico da língua portuguesa, correção de palavras com inversão silábica, atividades de síntese silábica e fonêmica, manipulação de fonemas, atividades envolvendo rimas e aliteração, entre outras. Todos esses testes levam em consideração que a consciência fonológica ocorre ao longo do processo de alfabetização.
Benefícios da leitura
A leitura apresenta muitos benefícios, tanto para o cérebro, a mente, quanto para a rotina e o dia a dia. Dentre esses benefícios, podemos elencar:
- Desenvolve o pensamento crítico: a leitura promove um ambiente reflexivo, a partir do qual o indivíduo poderá formular suas próprias opiniões e pontos de vista acerca de si e da vida.
- Fortalece o cérebro: a leitura envolve uma complexa rede de circuitos neurais e sinais no cérebro. Com a maturidade dos hábitos de leitura, essas redes também se fortalecem e ficam mais sofisticadas.
- Aumenta a performance escolar: ler aumenta a autoestima, aumenta as habilidades de comunicação e fortalece a máquina cerebral, contribuindo para o desenvolvimento escolar.
- Aumenta sua capacidade para empatizar: pessoas que leem ficção, histórias que exploram a vida interna dos personagens, mostram aumentada habilidade para entender os sentimentos e crenças dos outros.
- Amplia o seu vocabulário: estudantes que leem constantemente desde uma idade precoce desenvolvem gradualmente seu vocabulário, cuja extensão pode ter influência em várias áreas da vida, desde admissões escolares até oportunidades de emprego.
- Previne o envelhecimento: a leitura ajuda a prevenir o declínio cognitivo relacionado à idade.
- Reduz o estresse: ler baixa a pressão arterial, a frequência cardíaca e os sentimentos de angústia, ansiedade e depressão.
- Permite uma boa noite de sono: uma leitura leve pode contribuir para a boa higiene do sono e prevenir a insônia, embora seja recomendado ler fora da cama.
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Referências:
BERNS, G.S. et al. Short- and long-term effects of a novel on connectivity in the brain. Brain Connectivity. 2013;3(6).
CHYL, K. et al. Brain dynamics of (a)typical reading development - a review of longitudinal studies. Science of Learning. 2021;4.
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