Cada vez mais abordagens terapêuticas são desenvolvidas para abarcar as demandas da sociedade atual e seus problemas de ordem biopsicossocial. Você conhece as grupoterapias? Então dá só uma olhada!
O que são grupoterapias?
Os grupos têm sido utilizados como meio terapêutico ao longo de toda a história. Os primeiros relatos do uso psicoterapêutico de grupos aparecem nos Estados Unidos, por médicos que utilizavam a psicoeducação com pacientes tuberculosos, esquizofrênicos e psicóticos.
As grupoterapias oferecem ao terapeuta, por meio da interação entre seus integrantes, um acesso privilegiado aos conflitos e relacionamentos (vínculos) que os pacientes estabelecem, de modo a intervir eficazmente em patologias existentes. Tais terapias podem ser utilizadas para fins terapêuticos em vários contextos e tem sido utilizado principalmente pela psiquiatria.
As abordagens das terapias de grupo podem variar e podem-se utilizar diversas abordagens teórico-técnicas como psicoeducacional, cognitivo-comportamental, interpessoal, gestáltica, de apoio, psicodramática, psicanalítica, psicodinâmica e psicanálise das configurações vinculares.
Tipos de grupoterapias
As grupoterapias são muito utilizadas para pacientes com câncer inicial e terminal, HIV/AIDS, obesidade, gestantes, pacientes com patologias crônicas como diabetes, hipertensão, e também grupos de autoajuda ou apoio mútuo tais como os Alcoólicos Anônimos, os Narcóticos Anônimos e os Vigilantes do Peso. Grupoterapias também podem ser utilizadas com pessoas que passaram por situações de risco como abusos, contato com agressores, estresse pós-traumático, e outros problemas de saúde mental.
Benefícios das grupoterapias
As intervenções de grupo ou grupoterapias propiciam o apoio mútuo e a troca de experiências, além de um ambiente para prática de novas habilidades sociais e para a discussão acerca de sua doença. Assim, o terapeuta funciona como um facilitador, encorajando o aprendizado, o apoio e as mudanças. As grupoterapias são orientadas para o treinamento de habilidades sociais e resolução de problemas, beneficiando pacientes portadores de esquizofrenia ou demência no atendimento ambulatorial, e sua efetividade pode ser aumentada com a realização de tarefas de casa.
A grupoterapia melhora a motivação para o tratamento, a capacidade de comunicação, a interação social, a capacidade de expressar emoções e a percepção do significado de palavras e ações, reforçando a rede de apoio e contribuindo para a sua manutenção.
Características das grupoterapias
As grupoterapias possuem algumas características, notadamente quanto ao comportamento dos membros do grupo, que podem se desenrolar ao longo das sessões. Dentre elas, temos:
- Um grupo não é a soma de seus membros, dessa forma, possui entidade, leis e cultura própria.
- Os grupos funcionam sempre em dois planos que se superpõem ou predominam de forma alternante. Um plano é o consciente e o outro são os fatores de interferência inconscientes, ou seja, desejos reprimidos, ansiedades e defesas que podem interferir ativamente na realização de uma tarefa proposta.
- O grupo está sempre em movimento, apoiado em duas forças opostas: uma tende à sua coesão e outra à sua desintegração.
- É inerente ao grupo a formação de um campo grupal dinâmico, com a presença de fantasias, desejos, expectativas, ansiedades, resistências, transferências, identificações, papéis e outros.
- Da mesma forma que um organismo busca o equilíbrio (homeostasia) entre as emoções, tentando mantê-las em níveis toleráveis, também surgem conflitos nos grupos expressos por reações como subgrupos, perda de coesão, saída de participantes, surgimento de “bodes expiatórios” ou mesmo a sua dissolução.
- A ressonância é a frequência de uma emoção comunicada ao grupo, a qual ressoa nos demais participantes, produzindo uma associação com o significado afetivo equivalente, mesmo que expresso de forma distinta.
- As pessoas desempenham papéis que são adotados temporária ou permanentemente.
Papéis realizados em grupo
Dentro da dinâmica grupal existe uma característica importante que é a adoção temporária ou permanentemente, pelos membros do grupo, a se comportarem como:
- Bode expiatório: aquele que projeta sua agressividade (ou atribui culpa) a um indivíduo, por dificuldade de enfrentar a causa real desse sentimento.
- Porta-voz: aquele que mostra o que pode estar presente no grupo de forma latente, seja um pensamento ou sentimento.
- Sabotador: aquele que utiliza do recurso da resistência para tentar obstruir o andamento da tarefa grupal.
- Vestal: aquele que assume a função de zelar pela “moral e os bons costumes”.
- Atuador pelos demais: aquele que, delegado pelo grupo, toma atitudes proibidas.
- Liderança: o líder ou coordenador do grupo que pode ser assumido espontaneamente por algum membro do grupo, pode ser um líder integrador e construtivo, ou negativo e obstrutivo.
Planejamento de uma grupoterapia
Para planejar o percurso de uma grupoterapia é preciso ter em mente quais os objetivos o terapeuta pretende alcançar, quem são os pacientes-alvo, quais técnicas serão utilizadas e o tempo estimado de tratamento. Além disso, precisa-se pensar em quem é o terapeuta e qual a sua formação, seus recursos e experiência ao trabalhar com grupos.
Um aspecto importante do planejamento é o fato de que os grupos podem ser abertos, nos quais os pacientes entram e saem sem tempo pré-determinado, teoricamente não tem fim e podem durar dez anos ou mais.
Outros pontos a serem considerados pelo terapeuta é para que serve o grupo, para quem e o grupo e como será feito o tratamento e por quem.
Grupoterapia versus terapia individual
Estudos mostram que o grupo é superior ao tratamento individual na prevenção de recaídas de pacientes com transtorno de uso de substâncias (álcool e drogas), para melhorar o apoio social, para diminuir o estigma de uma série de doenças, e para a aceitação do diagnóstico de doenças crônicas, bem como incentivar o engajamento ativo ao tratamento.
Contra-indicações para a grupoterapia
No que diz respeito às contra-indicações para a grupoterapia, estão pacientes que estão pouco motivados para um tratamento longo e difícil, excessivamente deprimides, paranóides ou narcisistas, forte tendência a actings de natureza maligna (pacientes psicopatas), com riscos agudos ao suicídio, com déficit intelectual ou elevada dificuldade de abstração, que estejam no auge de uma séria situação crítica, pertencem a uma categoria profissional ou política que representa sérios riscos para uma eventual quebra do sigilo grupal ou tenham uma história com várias terapias anteriores interrompidas (abandonadores compulsivos).
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Referência:
CORDIOLI, A.V. et al. Psicoterapias: abordagens atuais. Editora Artmed. 3ª edição. 2008.
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