A relação terapêutica

05/09/2021 às 20:34 Dicas

A relação terapêutica

Você pode se perguntar quais os principais elementos de uma psicoterapia. A relação terapêutica é um dos pilares do trabalho psicoterápico. Você sabe o que é a relação terapêutica? Então dá uma olhada!

O que é a relação terapêutica?

A relação terapêutica é o veículo por meio do qual se processam os tratamentos psicoterápicos. O objetivo de cada psicoterapia resulta das características pessoais do paciente e do terapeuta, da reedição das vivências passadas que ambos trazem para a situação presente e da interação desses elementos com a relação atual, única e particular, que eles estabelecem entre si. Assim, pode-se compreender a complexidade que envolve uma relação composta de tantos fatores que se superpõem, sucedem, complementam ou antagonizam.

A transferência

O fenômeno de transferir para pessoas e situações do presente aspectos da vida psíquica ligados a pessoas e situações do passado é comum na vida dos indivíduos. De acordo com Freud, transferências são reedições, reduções das reações e fantasias que, durante o avanço da análise, costumam despertar-se e tornar-se conscientes,mas com a característica (própria do gênero) de substituir uma pessoa anterior pela pessoa do médico, psicólogo ou profissional da saúde mental. Ou seja, toda uma série de experiências psíquicas prévias são revividas, não como algo do passado, mas como um vínculo atual com a pessoa do psicólogo/profissional.

A transferência, portanto, é um deslocamento para um objeto da atualidade de todos os impulsos, defesas, atitudes, sentimentos e respostas experimentados nas relações com os primeiros objetos de sua vida. A transferência é uma repetição de situações cujas origens se encontram no passado. Pode ser vista como inconsciente e inadequada ao contexto atual, bem como repetições de um relacionamento objetal do passo, em geral com pessoas significativas nos primeiros anos de vida.

A busca permanente

O estado permanente de insatisfação instintiva descrito por Freud, aliado à compulsão, à repetição e resistência, também observados por ele, são importantes para se compreender o caráter repetitivo da transferência. A busca da satisfação do impulso nunca é completa, pois a satisfação transferencial é uma substituta da verdadeira; é um derivado regressivo. Geralmente o indivíduo não consegue trazer à consciência os impulsos insatisfeitos, não recorda do elemento esquecido ou reprimido, vivendo-o novamente, pois a transferência também é uma resistência à recordação.

O que é resistência?

A resistência é aquela parte da função psíquica que se opõe ativamente ao trabalho terapêutico de trazer à consciência material inconsciente. Quanto mais intensa a resistência, mais o paciente se utilizará da ação da repetição em vez da recordação. No lugar de lembrar de acontecimentos do passado, o indivíduo revive-os, inconscientemente, em sua relação com o terapeuta. Essa é a origem da idéia de Freud de que se a transferência se torna uma resistência, ela é o maior obstáculo ao progresso do tratamento. No entanto, conforme o paciente revive esses acontecimentos, mostra ao terapeuta aquilo a que resiste, e é esse aspecto que converte a transferência em importante elemento para a compreensão do indivíduo.

Manejo da transferência

Sendo a transferência um fenômeno universal, a estrutura e evolução da situação terapêutica facilitam o aparecimento de reações de transferência mais intensas do que as que ocorrem em situações comuns do cotidiano do paciente.

A psicanálise se caracteriza por estimular o aparecimento de reações transferidas, visto que a análise sistemática da transferência é o ponto central da técnica psicanalítica.

A configuração do setting terapêutico (assim como o uso do divã, frequência das sessões por semana, associação livre, neutralidade do analista, duração prolongada e outros) promove a regressão do paciente e a repetição de elementos contidos nas suas relações de objeto primitivas. Esses elementos são deslocados para a figura do analista na situação de tratamento.

A partir do conflito transferencial reavivado no paciente, busca-se induzir este a buscar uma nova solução na qual o primitivo método de repressão é substituído por uma conduta de mais contato com a realidade. Na psicoterapia analítica, lida-se com a neurose de transferência por meio da interpretação transferencial sistemática, que restabelece o analista como figura real, diferente dos objetos primitivos introjetados pelo paciente.

A contra-transferência

O conceito de contra-transferência foi mencionado por Freud pela primeira vez em 1910 e surgiu em analogia ao conceito de transferência. Este conceito se refere às respostas psicológicas do terapeuta ao paciente, vistas por Freud como resultantes de conflitos neuróticos a serem superados. Pode ser visto como todos os sentimentos (conscientes e inconscientes) que o terapeuta experimenta na relação terapêutica. O inconsciente do analista entende o inconsciente do paciente. Então estabelece-se uma relação profunda, que vem à superfície sob forma de sentimentos que o analista percebe em resposta ao seu paciente.

Além disso, a contra-transferência pode ser considerada o conjunto de respostas emocionais específicas, despertadas no terapeuta pelas qualidades específicas de seu paciente, visando a excluir os aspectos gerais da personalidade e da estrutura psicológica do terapeuta, presentes no trabalho com todos os seus pacientes. É importante lembrar que o tema contra-transferência ainda suscita polêmicas, e muitas questões permanecem em aberto, inclusive no que se refere à utilização da contratransferência em psicoterapia de orientação analítica. Na opinião de alguns autores, contudo, o conceito de contra-transferência pode ser considerado elemento útil em qualquer relação terapeuta-paciente

Aliança terapêutica

A aliança terapêutica é a capacidade do paciente de estabelecer uma relação de trabalho com o terapeuta, em oposição às reações transferenciais regressivas e à resistência. Segundo Freud, o primeiro objetivo da terapia é ligar o paciente ao terapeuta. A partir do interesse do terapeuta, aliado a alguns cuidados, o paciente estabelece, espontaneamente, tal ligação e vinculará o terapeuta a uma das imagens das pessoas por quem costumava ser bem visto. De acordo com alguns autores, a capacidade de desenvolver uma relação de trabalho depende de um certo grau de maturidade e resiliência do ego, existente antes do contato com o terapeuta. Assim, a psicoterapia utiliza-se de diversos elementos para contribuir na jornada de autoconhecimento do paciente.

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Referência:

CORDIOLI, A. V. Psicoterapias: abordagens atuais. Editora Artmed. 3ª edição. 2008.


Conheça mais:

Rodrigo Huback

Rodrigo Huback Head Trainer de Practitioner PNL, Master PNL, Método B2S e Hipnose Clínica

Mais de 10 anos dedicados ao desenvolvimento humano; Mais de 15 anos empreendendo em alta performance; Pedagogo; Master Trainer em PNL; Master Trainer em Coach; Membro Trainer de Excelência na NLPEA; Membro Trainer da ANLP; Trainer Comportamental; Hipnoterapeuta.


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