A escolha da terapia e do paciente

04/09/2021 às 20:32 Dicas

A escolha da terapia e do paciente

Algumas questões devem ser levadas em consideração, tanto pelo paciente quanto pelo terapeuta, a respeito da melhor indicação para psicoterapia. Você sabe o que é levado em consideração nessa escolha? Então dá uma olhada!

A escolha da psicoterapia

Escolher a própria psicoterapia pode ser uma ação motivada por muitas intenções, tais como ver o terapeuta como alguém capaz de ajudá-lo (transferência), a capacitação do profissional e sua experiência com atendimentos. O terapeuta também leva em consideração uma série de fatores para verificar se o tipo de terapia prestado está em consonância com as demandas trazidas pelo paciente.

Veja abaixo algumas considerações levadas pelo terapeuta e pelo cliente na hora dessa escolha.

O sofrimento psíquico

Uma das questões observadas pelos terapeutas na hora da escolha da psicoterapia específica para cada cliente é se ele apresenta ou não sofrimento psíquico, pois sem essa condição dificilmente irá buscar um tratamento que é, muitas vezes, longo, difícil e oneroso. A própria procura perde o sentido na medida em que falta um motivo, pois não há como fixar metas e objetivos no tratamento.

Entende-se por sofrimento psíquico a presença de um certo grau de desconforto psíquico, em decorrência de sintomas desagradáveis como ansiedade, inquietude, preocupação excessiva, depressão, baixa resiliência ou alterações fisiológicas (sono, alimentação, motricidade, sexualidade); assim como a presença de sintomas que estejam interferindo na vida diária, comprometendo o desempenho em atividades profissionais ou acadêmicas, nas relações pessoais ou familiares ou nas atividades de lazer; bem como, sintomas que tomem muito tempo, interferindo na produtividade e a qualidade de vida do paciente.

Além disso, dentro da avaliação do sofrimento psíquico do paciente, deve-se levar em consideração o grau de:

  • Desconforto psíquico sofrido pelo paciente: ausente, leve, moderado, grave ou muito grave;
  • Comprometimento ou interferência nas atividades diárias, acadêmicas e profissionais;
  • Interferência no relacionamento familiar;
  • Interferência nos relacionamentos interpessoais;
  • Interferência nas atividades de lazer;
  • Tempo que os sintomas tomam do paciente.

Motivações para a psicoterapia

Alterações mais persistentes e intensas do humor, como depressão, irritabilidade ou ansiedade, em pacientes que estejam atravessando situações de crise, ou em razão de conflitos nas relações interpessoais, tornam tais pessoas, em tais momentos, mais suscetíveis a um tratamento psicoterápico. A psicoterapia pode ser particularmente útil nas fases agudas de tais quadros ou em momentos nos quais o caráter desadaptativo de certos traços de personalidade fica mais evidente.

É ainda nos momentos de crise, e em razão do desequilíbrio emocional que ocorre nessas ocasiões, que as pessoas se sentem mais desamparadas e estão mais dispostas a aceitar e buscar ajuda, sendo mais suscetíveis às mudanças.

Assim, a motivação ou o desejo consciente de fazer mudanças na vista, incluindo a disposição em fazer investimentos e em implementar as ações necessárias para tais mudanças, pode dividir-se em dois componentes: a motivação para buscar um tratamento e a motivação para mudanças por meio da efetiva solução de problemas.

Além disso, o paciente pode motivar-se pelo desejo e a determinação de livrar-se de sintomas que causam sofrimento, sem uma preocupação maior em elucidar e remover suas causas. Em um nível mais profundo, é o desejo de fazer mudanças de vida, em padrões de relações interpessoais desadaptativos que são repetitivos e de modificar situações que acarretam dificuldades ou atrasos no crescimento e desenvolvimentos pessoais que levam o paciente à psicoterapia.

Recomendação de uma psicoterapia

O terapeuta, ao levar em consideração as condições de vida do paciente, sua disponibilidade de tempo, dinheiro, acesso físico e existência de problemas externos insolúveis faz uma decisão final de qual terapia seria mais apropriada para o paciente de forma biopsicossocial.

Os profissionais da saúde mental e em geral tendem a sugerir os tratamentos que lhe são mais familiares ou que estão mais de acordo com seus sistemas de crenças. Para irem além, precisam conhecer os alcances e os limites dos tratamentos psicoterápicos existentes e quais serviços se encontram disponíveis na localidade do paciente.

No entanto, a escolha de uma abordagem não exclui o uso das demais, pois ambos o terapeuta e o cliente precisam estar cientes dos alcances possíveis da psicoterapia, além de possíveis efeitos prejudiciais ou riscos da psicoterapia proposta. Para alguns autores, parece ser adequado recomendar tratamentos que tenham evidências de eficácia e melhor custo benefício, além de recomendar a avaliação multidisciplinar com outros profissionais.

As expectativas dos pacientes

Para endereçar as expectativas do paciente, o terapeuta deverá comunicar-lhe, com base nos conhecimentos que possui e nos dados obtidos, sua opinião sobre a natureza dos problemas observados, suas possíveis causas, as alternativas existentes de tratamento, as possibilidades de resolvê-lo, a abordagem terapêutica que considera mais apropriada, o contexto (individual, familiar, ambulatorial, em consultório privado ou ambiente hospitalar) confrontando com as fantasias e expectativas do paciente, além de ao mesmo tempo esclarecer suas dúvidas. O custo, o tempo disponível e a acessibilidade devem ser levadas em consideração pelo terapeuta ao indicar uma psicoterapia a seu paciente.

Veja abaixo algumas indicações e contra-indicações das abordagens psicoterapêuticas:

  • Psicanálise: indicada para problemas de caráter difusos e transtornos de personalidade. Contra-indicada para crises agudas, psicoses, transtornos de ansiedade, de personalidade (grave), do humor, mental orgânico e dependência química.
  • Psicoterapia de orientação analítica: transtorno de personalidade delimitado, transtorno de ajustamento, crises evolutivas, problemas focais e depressões leves. Contra-indicada para reagudização de psicoses, transtorno de ansiedade e do humor, crises agudas em pessoas razoavelmente sadias.
  • Psicoterapia breve dinâmica: indicada para traços de personalidade delimitados, transtorno de ajustamento, crises evolutivas, problemas focais e depressões leves. Contra-indicada para psicoses, TAB, transtorno de personalidade, mentais orgânicos, de ansiedade grave, tendências suicidas, dependência química, incapacidade de fazer contato com o terapeuta.
  • Terapia comportamental: indicada para fobias, TOC, pânico, transtornos alimentares, disfunções sexuais, dependência química, déficits físicos e sociais, esquizofrenia (coadjuvante), autismo, retardo mental, TDAH e doenças físicas. Contra-indicada para ansiedades muito intensas, depressão grave, transtorno de personalidade esquizóide, intolerância para níveis elevados de ansiedade.

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Referência:

CORDIOLI, A. V. Psicoterapias: abordagens atuais. Editora Artmed. 3ª edição. 2008.


Conheça mais:

Rodrigo Huback

Rodrigo Huback Head Trainer de Practitioner PNL, Master PNL, Método B2S e Hipnose Clínica

Mais de 10 anos dedicados ao desenvolvimento humano; Mais de 15 anos empreendendo em alta performance; Pedagogo; Master Trainer em PNL; Master Trainer em Coach; Membro Trainer de Excelência na NLPEA; Membro Trainer da ANLP; Trainer Comportamental; Hipnoterapeuta.


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